17.7.13

Sobre covinhas e orelhas

Era uma bela noite de verão, março, as estrelas iluminavam o céu. A lua estava radiante, tudo naquela noite parecia mágico, com ares de mistério.
Bia decidiu sair com suas amigas para comemorar a vida, aproveitar suas últimas semanas de férias, foram para um barzinho e depois iriam para sua boate preferida.

Bia sentia-se estranha, estava desacostumada a sair sozinha, estava solteira há duas semanas, clamava por diversão.
Entrou no bar, com medo de encontrar algumas pessoas, olhou timidamente para os lados, mas não enxergou ninguém, só um cara de cabelo bagunçado, olhou com rapidez. Era atraente, não deu muita atenção para isso.

Entrou na festa com suas amigas, deram voltas, para ver as pessoas que lá estavam, quando, de novo, viu o tal cara, pôde observá-lo melhor. Era atraente, tinha um belo sorriso e um olhar tímido. Ficou o olhando de longe, discretamente, estava com uns amigos e tinha uma moça ao seu lado, bonita, Bia pensou que pudesse ser sua namorada.

Comentou com suas amigas sobre o tal cara, elas acharam a “cara” de Bia e a incentivaram a trocar uma ideia com ele, mas como ela morria de vergonha, disse que de jeito algum faria isso, sempre os caras que chegavam nela para puxar conversa. Ela já havia feito isso, apenas estava enferrujada, afinal, tinha saído de um relacionamento há pouco, o qual não significou muito na vida dela.

Decidiu por algo que a repudiava, chamou um amigo dele e perguntou se ele era solteiro, heterossexual, essas coisas. E num surto de loucura disse: “Diz pro teu amigo subir no andar de cima, pra gente trocar uma ideia”. Na hora que disse isso saiu “correndo”, estava com muita vergonha.

Foi para o banheiro, deu umas voltas, meio que se escondendo. Suas amigas a incentivaram, mas ela só queria sumir dali. “O que vão pensar de mim? Pedindo pra amigo levar recado.
Francamente, Bia, isso não é coisa que se faça, pare de beber imediatamente.” Ficou se culpando por instantes.

Enquanto dançava pôde vê-lo com seu amigo, queria evitar olhar, mas não tinha como.
Ele despertou o interesse nela, algo que não acontecia com frequência. Conhecia caras, tentava ter um relacionamento, mas nunca funcionava, não despertavam tanto interesse assim nela.

Depois de algumas horas, ela foi para o andar de baixo sentar com suas amigas, já estava meio embriagada, ficou lendo ou vendo uma revista que estava sobre a mesa, quando o avistou tentou disfarçar ao máximo. Tinha uma cadeira sobrando ao seu lado, quando ela viu que ele estava se aproximando e que tinha um lugar vago, seu coração disparou, teve vontade de sair correndo porta afora, mas não, ficou ali, disfarçando e cheirando a revista como se fosse uma louca recém-saída do hospital psiquiátrico.

Ele se apresentou meio tímido também, conversaram e Bia não conseguia se concentrar na conversa, não sabia o que falar, como agir. Não queria ser atirada, nem fingir que não estava interessada. Ficou encantada com suas covinhas, era magro e alto, bem como ela gostava. E o cheiro? Nossa, era muito cheiroso. Ela passou por cima de sua timidez e conversou.

Subiu para o andar onde estavam dançando, disfarçou, continuou conversando, quando estavam lado a lado, escorados na parede do banheiro, ele a olhou nos olhos e se beijaram. Bia fechou os olhos e viajou enquanto o beijava. Era doce, bom, intenso. Tentou voltar a si. “Como assim? Se concentre, volte ao normal, é só mais um cara normal que conheço em uma festa e beijo. Isso acontece. Não com frequência, mas acontece. Que beijo é esse? Nem meu ex-namorado eu gostava muito de beijar. Acorda Bia.”

Ficou lutando contra suas ideias malucas. E ainda por cima, ele tinha a mesma mania que ela julgava bizarra. Isso foi o ponto chave para despertar ainda mais o interesse, afinal, quais as chances de encontrar alguém com a mesma mania que a sua, ainda mais em uma cidade pequena e desinteressante?! A noite seguiu e ela foi embora.

Tinha achado a noite divertida, há tempos não se divertia tanto com suas amigas. E há tempos não sentia interesse por alguém. Ainda mais alguém que acabara de conhecer.

Depois daquela noite muitas coisas aconteceram, muitas coisas boas. Bia foi muito feliz num curto espaço de tempo. Como não era há muito tempo.
Mas como nem tudo é perfeito, e em sua vida então, que sempre dava tudo errado, teve um fim. Não muito legal, se é que houve começo um dia. Um fim.

Com certeza foi uma noite que ela sempre vai lembrar. Sabe aquele clichê de: “Apaixonar-se a primeira vista”? Então, ela nunca acreditou, sempre achou besteira. Até conhecer ele. (mas se pudesse voltar no tempo, teria ficado em casa naquela fatídica quinta-feira de março)
Fim.


(qualquer semelhança com a realidade, é mera coincidência.)

Um comentário: